sábado, 28 de janeiro de 2012

IDS: Política 2.0 - uma nova forma de fazer política?


Roda de conversa do Instituto Democracia e Sustentabilidade reúne mais de 300 no Fórum Social Temático de Porto Alegre


Marina Silva, Oded Grajew, Ricardo Young e Marcos Rolim participam de debate sobre redes sociais, crise de representatividade e a #novapolitica
O debate “Política 2.0 – uma nova forma de fazer política?”, promovido pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), reuniu mais de 300 pessoas, entre estudantes, profissionais, integrantes de movimentos sociais, entre outros, no auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, nesta quinta-feira, 26, no Fórum Social Temático em Porto Alegre.
A roda de conversa começou às 14h30, e os presentes ouviram as falas de Marina Silva, do conselho diretor do IDS, Oded Grajew, da Rede Nossa São Paulo e Instituto Ethos, e Marcos Rolim, jornalista, mestre em Sociologia pela UFRGS e professor-visitante da Universidade de Oxford. O mediador foi Ricardo Young, também do conselho diretor do IDS.
Com o mote da nova política, influenciada diretamente pelas redes, a roda de conversa lembrou da crise de representatividade política, expressa na falta de crença na classe política por parte da população. “Vivemos também uma crise política, principalmente na qualidade da representação política nas estruturas da democracia”, afirmou Marina Silva. Aplaudida, a ex-senadora deixou uma mensagem positiva aos presentes. “Nós temos uma capacidade de lidar com o imprevisível. Somos seres capazes de acreditar e criar meios (…) Algo novo está acontecendo no mundo, e isso tem que ser pensado por nós. Uma nova política é não ficarmos adaptados ao que temos.”
Ricardo Young afirmou que, no País, “a democracia é insatisfatória porque há um distanciamento entre os partidos e a população”. Já Marcos Rolim ponderou que, embora desacreditados, os partidos ainda são um “corpo político sólido” e a única maneira de efetuar mudanças políticas no Brasil. Ainda assim, Rolim ressaltou que o partido necessário para a transformação deve ser de “novo tipo, que represente tudo o que queremos”.
Ir atrás dos sonhos. Em sua fala, Oded Grajew arrancou risos da plateia. Um dos idealizadores do Fórum Social Mundial, ele afirmou ter concebido o evento em uma noite que passou num hotel com sua mulher. “O melhor da vida, o que nos torna felizes é ir atrás dos sonhos. Tentar é o mais importante, essa é a nova política” disse Oded. “Cada um deve tentar fazer o que está ao seu alcance, sem ter certeza do sucesso.”
Após as falas dos palestrantes, o mediador Ricardo Young forneceu cerca de 15 minutos aos presentes, para discutir os temas abordados. “As pessoas se engajaram na dinâmica proposta de se debater em grupos. Formaram grupos de até 6 pessoas. E, depois, o debate prosseguiu, com cerca de dez pessoas levando a todos o resumo do que foi discutido no seu grupo”, afirmou Bazileu Margarido, do IDS.
Inflamado, um dos presentes levantou a questão socioambiental no debate político. “Como a Rio+20 pode ser diferente, depois dos fracassos de Copenhague? Marina Silva foi uma das que responderam à questão, ressaltando a importância do encontro. “Queremos uma Rio+20, temos que ter uma alta expectativa. O problema (das mudanças climáticas) é grave e temos que nos mobilizar.”
Ao final do evento, a secretária executiva do IDS, Alexandra Reschke, agradeceu a presença de todos, lembrando que todo o evento foi transmitido pelo site WWW.idsbrasil.net e tuitado ao vivo, no @ids_brasil.
Histórico das rodas de conversa. A roda de conversa em Porto Alegre é a segunda edição de evento homônimo realizado em outubro do ano passado, em roda que reuniu em São Paulo Marina Silva, Giuseppe Cocco, cientista político e professor da UFRJ, Carla Mayumi, responsável pela pesquisa “O Sonho Brasileiro”, e Ricardo Abramovay, professor titular da FEA-USP. (veja o vídeo editado aqui: http://youtu.be/GrVAY4ZFI1Y ). Desde a sua fundação, em outubro de 2009, o IDS desenvolve rodas de conversa com pessoas de referência para discutir temas de relevância da agenda nacional. Entre os assuntos já abordados estão saúde, educação, desenvolvimento urbano, economia e segurança pública. A conversa “Política 2.0” coloca em questão se tudo o que tem sido denominado como tal oferece uma alternativa real de construção da cidadania, além da capacidade de agregação e de prospecção de novos aplicativos para a democracia.
Mais IDS no Fórum. O IDS vai participar de outras atividades no Fórum: “A Atualidade da Carta da Terra e a Rio+20”, no dia 28 de janeiro, às 13 horas, na Assembleia Legislativa, e Painel Público “Governança do Desenvolvimento Sustentável, Integridade Ambiental e Justiça Social”, no dia 28 de janeiro, às 9 horas, na Câmara Municipal da cidade. A governança, é bom lembrar, é um dos temas que serão debatidos na Rio+20, em junho deste ano.
Fonte: IDS. Organização da sociedade civil, plural e apartidária que tem como missão criar convergência e potencializar iniciativas que contribuam para colocar a democracia e a sustentabilidade como valores centrais para a vida no século 21. Pretende ser um ator relevante da sociedade civil para a construção de um novo acordo social para o Brasil baseado no fortalecimento da escuta ativa e do diálogo. Para tal, pretende oferecer a “Plataforma Brasil Democrático e Sustentável”, como um canal de participação, agregação e valorização de iniciativas em curso.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Cristolândia: refúgio de dependentes do crack

Cristolândia vira refúgio de dependentes após operação da PM

Hoje na FolhaUsuários de drogas, desgarrados da multidão maltrapilha da cracolândia, fazem filas diariamente em busca de abrigo na porta da Cristolândia, um misto de igreja e centro comunitário, que funciona na região central de São Paulo há quase dois anos. O local virou refúgio após início da operação policial no local.

A informação é da reportagem de Eliane Trindade e Apu Gomes publicada na edição desta sexta-feira da Folha.

Com a presença ostensiva da PM na região, a missão Batista passou a funcionar em esquema de plantão, com suas portas abertas 24 horas para a galera acuada do crack. O projeto encaminhou nos últimos 22 meses cerca de mil usuários para internação e centros de formação evangélica.
Nas duas últimas semanas, o número de internações, via Cristolândia, bateu o recorde de 90. "Fazíamos uma média de 40 por mês. Já chegamos ao dobro disso em dez dias e vamos abrir novas 200 vagas", contabiliza o pastor Humberto Machado, 53, coordenador da missão.






Igreja em ação

Uma iniciativa de igrejas batistas está ajudando dependentes químicos das chamadas “cracolândias” (redutos de viciados em crack) a libertarem-se da droga. A Missão Batista Cristolândia começou em São Paulo, SP, e já chegou ao Rio de Janeiro e Minas Gerais.

A metodologia da missão inclui abordagem direta e atendimento em casas de acolhimento, as chamadas “cristolândias”. O trabalho começa com voluntários — muitos deles ex-dependentes — que visitam a cracolândia e oferecem alimentação e abrigo aos dependentes, além de orientação espiritual. Estes são acolhidos e têm suas necessidades básicas supridas. Aos dependentes que aceitam tratamento, o projeto oferece também possibilidade de estudo em centros de formação cristã e apoio em comunidades terapêuticas. Atualmente há cinco destas comunidades: duas masculinas (em Minas Gerais) e três femininas (no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Goiás).

O projeto começou oficialmente em março de 2010, com a liderança do casal de missionários Humberto e Soraya Machado. De outubro de 2010 a setembro de 2011, as cristolândias atenderam mais de 34 mil pessoas. Destas, quase 2 mil foram encaminhadas a comunidades terapêuticas e cerca de 600 decidiram estudar em centros de formação cristã.

A inserção de ex-dependentes em igrejas locais é um dos pontos fortes do projeto. Só na Primeira Igreja Batista de São Paulo 171 pessoas foram batizadas e sessenta se reconciliaram com Cristo.




Veja ensaio do coral "Cristolândia"

TV Estadão | 18.11.2011
Coral é formado por ex-moradores de rua da região da Cracolândia, no centro de São Paulo


Dependente de LSD e de todo tipo de psicotrópico desde jovem, Ailton da Silva Ferreira, de 52 anos, que já tinha chegado ao crack, considera-se recuperado há dois anos. Francis Almeida, de 36, que foi da maconha à cracolândia em uma década, também conta uma história de final feliz. Hideraldo Pussick Laval, de 34, entrou no vício há três anos, recém-chegado de Guiné-Bissau, e se diz "limpo" há 1 ano e 8 meses.

Os três fazem parte do Coral da Cristolândia, conjunto formado por 200 ex-viciados recolhidos na cracolândia, centro de São Paulo, sob a batuta do maestro Roberto Minczuk, regente titular da Orquestra Sinfônica Brasileira. O maestro Minczuk, que é evangélico, acredita que sua participação no concerto "é pequena, em comparação com o resgate de vidas que os voluntários vêm realizando". "Sou paulistano, moro na Praça Roosevelt, no centro da cidade, e estou muito próximo da realidade dura dos viciados em crack."